O líder cubano Fidel Castro assegurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "corajoso" ao declarar nesta sexta-feira, em Havana, que torce pela vitória do candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, nas eleições da próxima terça-feira.

Lula "adotou uma posição corajosa" sobre o pleito americano, porque se o candidato republicano, John McCain, vencer, "não estaria contando de antemão com o maior país latino-americano, o Brasil", disse Fidel em um novo artigo de reflexão.

O presidente brasileiro, que encerrou nesta sexta uma visita de 22 horas a Cuba, disse que a eleição de Obama seria como a sua e as de outros líderes de esquerda da América do Sul.

— Da mesma maneira que o Brasil elegeu um metalúrgico, a Bolívia um indígena (Evo Morales), a Venezuela (Hugo) Chávez e o Paraguai um ex-bispo (Fernando Lugo), acho que será uma coisa extraordinária se na maior economia do mundo um negro for eleito presidente — disse Lula em Havana.

Carta

Fidel revelou que, antes de se reunir hoje com Lula, enviou ao líder brasileiro uma carta na qual disse que "quem for o governante dos Estados Unidos depois da atual crise precisa sentir uma forte pressão dos povos do Terceiro Mundo exigindo soluções nas quais todos participem, e não apenas um grupo de Estados".

"As nações mais ricas necessitam desesperadamente de que as pobres consumam, caso contrário seus centros produtores de bens e serviços se paralisariam. Que (esses países) utilizem seus computadores para calcular quantos milhões devem investir para que as nações pobres se desenvolvam sem destruir a ecologia e a vida em nosso planeta", afirmou Fidel.

"Pude me reunir com Lula, que pediu para me ver, apesar de sua agenda apertada, e conversei durante quase duas horas com ele", detalhou Fidel no artigo, o segundo divulgado pela imprensa oficial em menos de 24 horas.

O ex-governante cubano acrescentou que a conversa "foi, como sempre, amável e respeitosa", e que Lula o informou "bastante detalhadamente" da obra que realiza no Brasil.

"Agradeci pelo apoio político e econômico do Brasil a Cuba em sua luta", contou o ex-líder. "Destaquei o papel decisivo desempenhado pela Venezuela, uma nação latino-americana em desenvolvimento, e por seu presidente, nos dias mais críticos do período especial e hoje, quando o bloqueio imperialista se intensificou e nosso país foi afetado por dois furacões", continuou.

Sobre a reunião do Grupo dos Vinte (G20) que será em 15 de novembro em Washington convocada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Fidel afirmou que "mal se liga um televisor, aparece um chefe de Estado falando de reunião de alto nível".

Sobre Bush, assegurou que "não tem problema algum: não os resolve; os cria. A solução para ele é tarefa de outros".

EFE